Belas ilhas com belas praias e boa comida existem aos montes. Mas são poucas as ilhas que, além disso tudo, têm também grandes atrativos artísticos. A ilha da Madeira é um dos raros locais do mundo que combina paisagens naturais lindíssimas e gastronomia rica com espaços urbanos onde a arte dá as caras.

E foi andando pelo centro antigo de Funchal, a capital madeirense, que encontrei um desses espaços: a Rua de Santa Maria - uma área onde as portas das lojas e das casas foram transformadas em painéis para artistas se expressarem.

Portas Abertas

Funchal começou na rua de Santa Maria, que fica a 150 metros do mar. Foi ali que os primeiros habitantes da cidade se fixaram, sendo a maioria deles artesãos. Mas com o desenvolvimento de outras áreas da ilha nos últimos 50 anos, o coração do centro antigo de Funchal começou a ficar de escanteio.

Aí surgiu o Portas Abertas, um projeto de revitalização do centro antigo que veio para sensibilizar a população e abrir espaço para qualquer pessoa que esteja disposta a oferecer sua criatividade à cidade.

Funciona assim:

• A prefeitura cede as tintas para os trabalhos dos artistas;
• O artista se expressa e ganha visibilidade;
• A rua ganha vida, a área se torna mais agradável e atrai estabelecimentos comerciais;
• Os moradores e turistas ganham mais um lugar atrativo para visitarem;
• A região fica mais valorizada. 

Um ciclo virtuoso, onde todos ganham e que começou com um pingo de arte numa área degradada. 

As Portas

Virando a cabeça para os dois lados como quem assiste a uma partida de tênis, vi dezenas de portas vizinhas com temas, cores e mensagens diferentes. Algumas portas trazendo esculturas, outras fotografias, textos e até mesmo vídeos.

Cada porta uma história.

Porta nº 27

Autorretrato de Claire Micklin ao lado de Leão, o cachorro adotado pelos comerciantes da Rua de Santa Maria.

Porta nº 50

O mar pintado pelo artista e surfista Ricardo Irum.

Porta nº58

Uma selva pintada pelo artista João Daniel Pestana

Porta nº71

Na porta do Madeira Story Center (um local com fotografias dos vestuários e dos costumes da Ilha da Madeira nos séculos XVIII e XIX), a artista Irene Quintal retratou um vestuário daquela época que também se encaixaria num desfile de moda dos tempos atuais. 

Desde que a primeira porta da rua foi pintada, em abril de 2011, não tenho dúvidas de que a rua de Santa Maria ganhou vida e que as cores trouxeram uma nova atmosfera para o lugar junto com restaurantes, lojas e galerias de arte. Todos ... de portas abertas. Estive em Funchal em 2009 e é impressionante ver como uma área foi capaz de mudar tanto num período de 10 anos.

Dizem que a arte acontece quando amor e trabalho se encontram. E a ilha da Madeira sabe disso.

Porque mesmo já tendo museus importantes de Arte Sacra e Arte Contemporânea (Casa das Mudas) e artistas renomados como Nini Andrade, a arte de rua é valorizada e colocada a serviço da melhoria da qualidade de vida de seus moradores e visitantes.

E esse é um dos motivos que me faz achar a ilha da Madeira um lugar tão especial. Ir até uma praia madeirense e olhar para o céu e o mar é fantástico, mas olhar para dentro da ilha também é. 

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A TAP tem voos diários para a Ilha da Madeira partindo de Lisboa. Foi assim que eu vim pra cá! 

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