Sherlock Holmes investiga as atrações mais escondidas de Londres
Invadiram meu perfil! Quando eu ia começar a fazer este texto, nosso amigo Sherlock Holmes pediu para deixar com ele. Quem sou eu para negar um pedido desse?
Elementar, meu caro Watson. Meu nome é Sherlock Holmes. E, se você nunca ouviu falar de mim, sou um personagem do escritor Arthur Conan Doyle e o melhor detetive de todos os tempos. Mas claro que já devem ter lido um livro meu ou me visto em uma das séries e filmes em que apareci nos últimos anos --se bem que neles mais pareço um super-herói do que um detetive, mas gostei de ser interpretado pelo Robert Downey Jr, que fique registrado.
Pois venho compartilhar a minha investigação mais recente, uma jornada para desbravar Londres em busca de lugares desconhecidos que merecem a visita de qualquer viajante. Com meu método científico e lógica dedutiva, encontrei algumas coisas bem interessantes. A principal delas está relacionada à vida de vários artistas, músicos e atores que marcaram a história do mundo e nasceram ou viveram por algum tempo em Londres.
Um deles era um pouco camaleão, um pouco extraterrestre. A Heddon Street é um bom ponto de partida, meu caro Watson, para saber mais da vida de David Bowie, que morreu neste ano. Nela, há uma placa com o nome “Ziggy Stardust”, alter ego de Bowie, e a inscrição: “Aqui marca o local onde foi tirada a foto do álbum ‘The Rise and Fall of Ziggy Stardust’, do icônico artista David Bowie”.
Mas devemos seguir os passos dele antes da fama. Deixe-me ver esse recorte de jornal! Veja este trecho com atenção. “Seu empresário diz que ele frequentava o Pollock´s Toy Museum, na 1 Scala Street, em Camden, um museu de brinquedos, e voltava para casa com todo tipo de coisa.” O museu ainda existe! E merece uma visita do turista que vai à capital inglesa.
Outro ponto de parada e investigação é a Denmark Street. Era ali que Bowie frequentava o restaurante La Gioconda, que permanece no mesmo local, mas agora virou um “pizzorante” sofisticado. Um pouco mais à frente, está o flat todo pichado dos Sex Pistols, banda de punk rock que nos anos 70 colocou Londres de cabeça para baixo em pleno governo de Margaret Thatcher. Acho que deveriam mudar o nome da rua para Rock Street. Ela simplesmente é o berço de várias cenas musicais londrinas. Nada menos que Rolling Stones, The Kinks, Small Faces, Black Sabbath, Elton John e outros ícones da música mundial já gravaram na rua.
Mas as artes de Londres não se resumem ao rock. Dizem, por exemplo, que William Shakespeare também caminhava pelas ruelas londrina nos séculos 16 e 17.
Na região de Bankside, o escritor e dramaturgo encenava a peça “Henrique VIII”, no antigo teatro Globe. O Shakespeare Globe ainda está lá (entradas a £ 15). Na verdade, não o original, mas uma réplica inaugurada em 1997 que permite ao visitante se transportar para a época shakespeariana.
Dois outros lugares fazem o viajante se sentir nos tempos das primeiras apresentações de “Rei Lear” e “Otelo”. A Southwark Cathedral, com seu estilo gótico do ano 1106, permanece quase a mesma de quando Shakespeare a frequentava. Na Borough High Street, está o George Inn, um dos pubs mais antigos de Londres. É provável que o dramaturgo também tenha encenado peças nele --e bebido na companhia de alguns amigos.
Se você quer algo mais orientado, a sugestão é o Shakespeare Guide, que passa pelas casas que teriam abrigado o escritor em Londres. O guia do passeio é o ator Declan McHugh, que declama trechos de peças e poemas durante o percurso.
Festas e chás
Mas voltamos à música. E por essa não esperávamos, Watson! A famosa Fabric fechou as portas neste ano, por tempo indeterminado. A casa noturna em Clerkenwell era um dos principais atrativos turísticos de Londres --e não só era referência em música eletrônica no mundo todo, mas também ajudou a colocar a cidade no circuito das baladas. Ela era o Taj-Mahal de quem gosta de virar a noite.
Mas claro que nossa meticulosa investigação encontrou outros lugares onde se divertir na madrugada. O Cellar Door Bar, estilinho cabaré no subterrâneo de Covent Garden, onde antes funcionava um banheiro público, é um deles. Sua decoração, segundo os donos do lugar me disseram, é em estilo “decadente-retrô-chique” --seja lá o que isso signifique. Quem entra no lugar é servido por mulheres com estilo pin-up, enquanto drag queens fazem shows ao vivo no palco. A melhor pedida da casa são os coquetéis criados por mixologistas, feitos com diferentes bebidas, como o Moscow Mule (que vai vodca, limão e cerveja de gengibre)
Um passeio ainda pouco conhecido pelos estrangeiros é o Hampstead to Highgate Haunted Pub Tour, definitivamente um dos mais legais. O roteiro é uma espécie de pub crawl do terror, que mistura visitas a lugares assustadores da cidade com bares e uma boa dose de bebidas para alegrar a noite e ajudar as histórias macabras ficarem ainda mais reais. Quer saber os lugares? Fique na curiosidade, pois eles só são revelados depois de agendar o tour.
Porém, uma das maiores surpresas dessa apuração, Watson, foi descobrir que o nosso chá das cinco está caindo em desuso. Pois é, essa instituição britânica. A sorte é que 2012 foi um ano importante para a Inglaterra. Os Jogos Olímpicos e o jubileu de diamante da rainha Elizabeth fizeram com que um número cada vez maior de turistas demonstrassem interesse por nosso estilo de vida e buscassem mais referências sobre o famoso chá da tarde.
Hotéis como Sanderson, K West e Lancaster London tentam atrair a clientela com o tradicional chá. Mas legal mesmo, Watson, é a Afternoon Tea Week, comemorada em agosto, com chás à venda para todos os gostos, e o melhor, com preços promocionais.
Já no fim da minha pesquisa, parei para descansar em um lugar que demorei para entender o que era. Tinha gente ali trabalhando, estudando, relaxando, participando de eventos, dormindo, comendo um bolo e tomando um café. Tudo isso em um grande espaço colaborativo. Foi assim que descobri o Ziferblat, que surgiu na Rússia em 2011 e chegou a Londres pouco depois, mais especificamente em Shoreditch. Você paga o uso por hora e pode usufruir o espaço como quiser, inclusive com cafés e snacks à vontade. Na nossa época, não tinha nada disso, Watson. Nada disso.
Conhece mais lugares diferentões em Londres? Ajude nosso detetive!
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COMENTÁRIOS:
Lou Mariano comentou 8 anos atrás
Ótimo seu texto! Li com a voz do Sherlock / Cumberbatch rsrs.
Leticia Venera comentou 8 anos atrás
Amei o seu texto Mateus, pois além de escrever muito bem, você também é super criativo! Que venham muitas viagens e dicas, obrigada por compartilhar conosco!