Vou começar esse relato falando sobre uma prática que sempre ocorre no Estado do Espírito Santo nos meses de Dezembro e Janeiro. Ocorre que aqui temos o costume de receber na época de férias muitos turistas do Estado de Minas Gerais. Por isso, resolvi nas minhas férias fazer o caminho contrário, visto que, minha última visita às terras mineiras havia acontecido a mais de 10 anos. Comprei um voo de ida e volta para Belo Horizonte, com estadia de uma semana. Pensei talvez que fosse muito tempo para ficar na capital mineira. Por isso, me organizei e resolvi conhecer a famosa Serra do Cipó.

Mas antes, tirei alguns dias para andar por Belo Horizonte, uma cidade pela qual é fácil nos apaixonarmos. Nessa visita conheci o Parque das Mangabeiras, onde existe um ônibus que contorna o parque fazendo paradas em pontos importantes como o Mirante. Eu preferi fazer todo o percurso a pé, em algumas horas encontrando alguns grupos que faziam o mesmo pelo caminho e em outros momentos caminhando completamente sozinha. Fui ao Chafariz, ao Mirante, à Cascatinha, à Lagoa, aos Espelhos e quando a exaustão me pegou... Busquei o caminho para o Mercado do Cruzeiro onde me fartei numa banca de comida árabe.

De ônibus fui para o Museu das Artes e de lá para a Praça da Liberdade. A Prada da Liberdade é um grande ponto de encontro entre as pessoas das mais diversas tribos. Por coincidência estava acontecendo um festival de música (amo música) e um encontro de Food Trucks (amo comer). Visitei alguns museus que ficam na Praça: Memorial Minas Gerais Vale; Museu das Minas e do Metal; Museu de Mineralogia; Centro Cultural Banco do Brasil e Palácio da Liberdade.

O dia seguinte teve caminhada pela Pampulha e visita ao Zoo, foi mais tranquilo, pois fui acompanhada da família que me recebeu na cidade. Vale a pena parar para um bom almoço num restaurante com vista para a lagoa e uma visita à Igreja de São Francisco de Assis que tem Projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer e painéis de Cândido Portinari.

Meu próximo dia em Minas Gerais foi na estrada em direção a Santana do Riacho (comprei minha passagem uma hora antes da saída do ônibus na rodoviária). Eu tinha a indicação de descer na parada do Correio da Serra do Cipó e o motorista do ônibus foi bastante prestativo ao me ajudar na localização do ponto.

Minha hospedagem foi no abrigo Quilombo (algo semelhante a um Hostel) e tive o prazer de conhecer o Guia Sérgio Teixeira. Após deixar minhas coisas no abrigo decidi alugar uma bicicleta (R$ 50,00) e “voar” para a Portaria do Parque Nacional da Serra do Cipó. Para mim que não estou acostumada foi uma pedalada cansativa. Atenção para o horário de inicio das caminhadas no Parque, pois cheguei 5 min depois e quase não fui autorizada a fazer o passeio que eu queria (por causa do risco de anoitecer enquanto eu estivesse na trilha).

Fiz o percurso de 10 km (ida) para conhecer o Cânion das Bandeirinhas. O clima seco acabou com a minha água e a bicicleta me “destruiu”. Mas o lugar é de uma paz e beleza fora do comum. Consegui mais água com um casal que conheci e retornei para a Portaria do parque cuja estrutura é muito boa (água, banheiros, recepção) e à noite encontrei o Cipó Scenarium, um restaurante com um ótimo prato feito (R$ 20,00) que repôs as minhas energias todas as noites.

Como me cansei muito no dia anterior resolvi contratar o Sérgio Teixeira para ser meu guia no dia seguinte de caminhada. Iniciamos pela Portaria do Retiro com destino a transparente Cachoeira do Gavião e as negras águas da Cachoeira das Andorinhas. A trilha não tinha tanta sinalização e sozinha certamente iria me perder. Foi muito bom ter um guia e dessa vez, levei muita água (afinal, erros só devem ser cometidos uma vez).

Mais um dia e voltei a caminhar sozinha. Fiz a famosa Trilha dos Escravos, conhecia a Cachoeira Véu de Noiva (R$ 10,00) e a Cachoeira Grande (R$25,00). Para completar com chave de ouro peguei uma carona e fui ver o pôr-do-sol do “topo” da Serra em um mirante que fica na estrada.

Tenho que confessar que, mesmo acostumada a fazer longas caminhadas, esses três dias intensos e o clima seco me cansaram. Então para o último dia voltei à portaria do PARNACIPÓ e fui passar o dia descansando na Cachoeira da Farofa.

Algumas coisas são importantes para quem vem do litoral como eu: o clima seco nos faz beber muito mais água, assim depois do primeiro dia no qual passei um “aperto”, eu andava com duas garrafas de um litro (clorin para purificação de água em casos de emergência) e comida para passar o dia inteiro ou mais um pouco. A cidade é maravilhosa para fazer amizades e conhecer aventureiros. Melhor ainda para contemplar as belas paisagens sem pressa.

Fui embora da Serra do Cipó com aquela vontade de ficar mais uns dias... E para minha sorte não demorou muito para eu retornar a essa região. Mas isso é outra história...

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