Um segredo da França - Albi
Eu sei que é muito difícil alguém pensar na França e não se lembrar de Paris. A cidade da luz se transformou quase que em uma obrigatoriedade para aqueles que querem ser chamados de turistas. Mas, eu preciso te contar uma coisa, a França é MUITO mais do que Paris. A cidade de Albi vai provar isso, eu dúvido você não coçar o dedo para adicionar este pequeno vilarejo na sua wish list.
Embora ninguém tenho me contado nada relacionado a isso, acredito que Albi saiu da cabeça de algum artista. Aquele tipo de artista que queria impressionar uma mulher, e lhe deu de presente, uma obra de arte, obviamente em forma de cidade.
Acho que ele conseguiu! Não só impressionou a amada, mas também a mim, aos turistas que por ali passaram e a UNESCO, que acabou declarando o centro histórico como Patrimônio da Humanidade.
Acho que o sentimento ainda era de paixão, e não de amor. A paixão deixa a gente exagerado e intenso, já o amor deixa tudo mais leve.
Diante dos meus olhos, eu via uma cidade vermelha. Casas, restaurantes, palácio e catedral, todos construídos com tijolos. Ficaram à vista, afinal vermelho é a cor da paixão.
A intensidade deu as caras, a Catedral de Albi é considerada a maior catedral construída com tijolos do mundo.
Já entrei em muitas igrejas, que nem me lembro da metade delas. Mas, essa foi diferente. Ao entrar, logo escapou um: UAU!
Dos pés a cabeça, e até onde os meus olhos tinham dificuldades para enxergar, a catedral estava completamente decorada.
Foram necessários dois séculos para a construção do templo e os últimos três anos foram dedicados para a decoração interna. Imagino eu, que um homem apaixonado é capaz de tudo, por isso, foram trazidos 9 artistas italianos para realizar aquele primor.
Ao sentar em um dos bancos para admirar o teto, foi praticamente a mesma sensação que deitar no parque e ficar admirando o céu em um dia ensolarado.
Partimos então para um outro cenário, que claro, como toda a cidade expressava amor e paixão. O Palácio Berbie, que junto com a catedral formam a Cidade Episcopal.
Foi aos fundos do palácio, que encontrei a expressão de amor daquele artista apaixonado: um jardim. Amor como eu bem disse anteriormente, é expressado de uma maneira mais doce e menos intensa, e tem coisa melhor do que flores para demonstrar o amor?
O Jardim era milimetricamente esculpido, não tinha uma pétala fora do lugar e a grama parecia ser aparada todas as manhãs a espera dos suspiros dos turistas. De um lado, o belo jardim, do outro, o Rio Tarn.
Andamos por um caminho que era adornado de arcos com galhos que ali se agarraram para dar forma ao percurso mais romântico da cidade. E eu que não sou boba, aproveitei aquele clima todo para fazer uma pausa da caminhada, sentei com o meu marido, de costas para o rio, e aproveitei para trocar carinho, beijinhos e porque não reforçar o bom e velho: Eu te amo!
E a partir daquele momento, tudo ficou mais doce e em clima de paixão! Daqueles que enjoa, sabe? Mas, às vezes cai bem.
Caminhamos pelo restante da cidade, tudo ficou no diminutivo: as casinhas, as lojinhas, a cidadezinha, tudo, tudo tudo era tão bonitinho, fofinho e charmosinho que ao final daquela experiência melosa, me dei conta que Paris é egoísta com o resto da França. Por que só ela merece o título de “A cidade dos apaixonados”?
Aquele artista apaixonado mandou muito bem. Mas a verdade é que meu marido não deixa a desejar, ele sempre me surpreende! (Viu, como a cidade deixa a gente melosa).
A cidade episcopal
Sem muito romantismo, a cidade episcopal foi construída após as cruzadas contra os Cátaros. Muros foram levantados com o objetivo de prover proteção aos bispos, que passaram a viver dentro da cidade fortificada.
Entre o séc. XIII e XVI foi construída como uma fortaleza, para impressionar e assustar a população dos Cátaros: um movimento cristão, no qual acreditava-se em conceitos opostos à igreja católica, sendo então considerados uma séria ameaça à religião ortodoxa. As principais manifestações desse povo centralizava-se na cidade de Albi, levando portanto a cidade a construir uma igreja dessa proporção para mostrar quem detinha o poder na região. Devido ao tamanho e a altura da torre do campanário, a Catedral era utilizada também como torre de vigia.
Já o Palácio desde 1924, se transformou em um museu dedicado ao Henri de Toulouse-Lautrec, um pintor nascido em Albi e mundialmente reconhecido.
Toulouse-Lautrec nasceu em uma das mais antigas famílias nobres da França. Lautrec já adulto decidiu que queria ser um artista, e com o apoio dos tios e de sua mãe seguiu os estudos em Paris, para então se tornar o artista que tanto desejou. Suas obras apresentam algumas das imagens mais icônicas na história da arte, incluindo as famosos anúncios para o Moulin-Rouge. Morreu aos 36 anos de idade por complicações resultantes de alcoolismo. O museu reflete essa vida incomum e arte, e é realmente um tesouro não apenas para Albi, mas por toda a França.
Wikipedia
Como Chegar:
Albi está à 77 Km de Toulouse. Cidade que está perfeitamente ligada com grandes cidades (via trem) Barcelona, Madrid, Paris, Lyon, entre outras.
Chegando em Toulouse, você pode optar por alugar um carro e aproveitar as belas estradas da região ou escolher ir de ônibus ou até mesmo de trem. Se você tiver a oportunidade opte pelo carro, as estradas valem a pena.
Esse texto foi retirado do blog: Passaporte com Pimenta - Se gosta dos pequenos vilarejos, venha conferir nossos posts da França e da Espanha.
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