"-Fulano, você já foi pro Peru né? Preciso de umas dicas de Lima.

-Não fui pra Lima.

-Por que não?

-Fui direto pra Machu Pichu..." 

Ouvi isso várias vezes enquanto me preparava pra passar 3 dias na capital Peruana, e antes de ir pra lá eu pensava exatamente assim: Peru = Machu Pichu. Nem considerava Lima como possibilidade.

A escolha de ir pra lá veio com duas possíveis escalas na minha ida aos EUA: ou Santiago ou Lima. Minha agente de viagens consegue fazer essa coisa espetacular que a escala vira um stop-over e eu posso ficar uns dias na cidade escolhida. Pesquisei e achei esse vídeo da Expedia, que mudou meu conceito sobre a cidade: https://www.youtube.com/watch?v=MlrzLYqIsE8 

Agora é o momento que peço perdão a todos os meus professores de geografia - eu não sabia que Lima tinha praia! Achei que era uma cidade em meio a montanhas, tipo Bogotá. Pois bem, tem praia. E o sol se põe no oceano Pacífico, e eu não podia perder isso de jeito nenhum. Decidido: vou pra Lima!

Montei todo meu roteiro pesquisando sozinha (com ajuda de alguns viajantes aqui do Dubbi, claro), e quanto mais pesquisava, mais descobria coisas pra fazer. 

Para estadia, achei na internet um B&B sensacional chamado Casa Nuestra Peru, localizado no Bairro de Barranco, (sensacional também, florido, colorido). Tem opção de quarto e banheiro individual, mas as áreas comuns são compartilhadas. Inclui café da manhã que você mesmo prepara, e foi na cozinha que conheci um pessoal super bacana do Uruguay, Paraguay e Argentina. Acabamos ficando amigos e passeamos juntos todos os dias, o que pra mim é novidade, pois estou acostumada a viajar sozinha. Talvez eu teria ido a mais lugares sozinha, ou me agilizado melhor, mas a companhia deles foi tão boa, nós rimos e nos divertimos tanto, que valeu a pena. Me fez refletir sobre a importância de estar aberta a novas experiências e me deixar levar por elas, sem me prender tanto aos planos.

Quanto aos passeios, começamos pelo centro histórico e caminhamos pelas ruas, lojas e praças. Passamos pela Catedral de Lima, Palácio do Governo, Museo do Pisco e do Chocolate, Casa da Literatura do Peru, Monasterio de San Francisco, e por aí vai...

Eu amo museus e não podia deixar de visitar o Larco, que por sinal é um dos mais lindos que vi na vida. Tem um acervo enorme de artefatos Incas, e aprende-se muito sobre a história do Peru precolombino. A entrada é 30 soles (meio salgada pra quem não curte museus, tanto que entrei sozinha), mas pra mim foi válido!

Lima também é terra natal de um dos maiores fotógrafos de moda da atualidade: Mario Testino. Tem o museu dele em Barranco, é pequeno, mas muito bonito. Como eu trabalho com moda, foi parada obrigatória!

Chega de museus? Não! Ainda tem Huaca Pucllana, um sítio arqueológico no meio da cidade que traz a história dos povos que habitavam Lima antes dos Incas. Você vai com um guia e pode escolher inglês ou espanhol, a entrada é 12 soles. Foi muito legal saber um pouco mais sobre a origem desse país tão lindo que é o Peru.

Outra parada imperdível: O Parque de la Reserva com o Circuito Magico de las Águas! Fontes coloridas, espetáculo com música, túnel de água. A entrada era barateza, 4,50 soles se não me engano. Quando eu fui estava frio, mas no calor deve ser melhor ainda, porque eventualmente você se molha.

Agora sobre comida, o que todos já sabem: o ceviche impera na culinária peruana. E eu... bem... eu não gosto de peixe cru. Eu provei por uma questão cultural e posso afirmar que estava muito bem temperado e preparado, mas aquela consistência do peixe cru... aaargh! Não deu! Já os peixes assados/cozidos/ fritos eu achei deliciosos. A maioria acompanhava salada, batata, mandioca e tudo quanto é tipo de milho. Comemos em restaurantes de vários lugares da cidade e os valores variam de 10 a 30 soles por uma refeição completa, achei válido. 

Mas acha que o melhor de Lima é o peixe? Não, o melhor de Lima pra mim foi um negócio chamado Chocoteja, tipo um bombom recheado que pelamordedeus, que coisa divina! Você acha nas barraquinhas de comida por 1 sol! Compre muitas, e não deixe pra comprar no aeroporto, é gourmetizado e caro.

Falando em comprar, o melhor negócio foi o tal Inka Market. É tipo uma feirinha, mas cercada por muros, os souvenirs são baratos e tem até casa de câmbio lá dentro caso acabem seus soles no meio das compras (passei por isso). 

Ah, falando em câmbio, eu li sobre isso e confirmei que é real: o melhor cambio de Lima são uns tiozinhos que ficam no meio da rua e trocam dólares por soles. Parece estranho, mas confirmamos que é oficial, para identificá-los eles usam coletes e crachás.

Ufa, se você chegou até o final desse textão, acompanhe comigo como foi fechar com chave de ouro essa viagem: no último dia, um pouquinho antes de voltar pro aeroporto, sentei à beira de um dos mirantes de Barranco e vi o sol se pôr no oceano Pacífico. Que presente divino!

Segui viagem com uma dorzinha no coração, de quem queria ter ficado mais, aproveitado mais, conhecido o resto do Peru que me encantou com um povo super alegre e orgulhoso das origens. Espero voltar algum dia, e Lima estará no roteiro sim!

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