O lindo Vale Sagrado dos incas
Geralmente para ir a Machu Picchu, a principal atração turística do Peru, vai-se a Cuzco e... já que está ali, faz-se um tour pelo Vale Sagrado. Bem, é o que aconteceu comigo. Mas, para falar a verdade, foi andando pelos sítios arqueológicos do vale é que me inteirei mais sobre sua cultura e o admirável conhecimento de engenharia e agricultura desse povo.
Antes da viagem fechamos (eu e uma amiga) um pacote diretamente com a Qorianka Tours; ela nos pegou no aeroporto e na manhã do dia seguinte começamos nosso passeio com o simpático Lalo e sua Etios vermelha.
Dicas para quem vai: use bota ou tênis confortável, pois anda-se muito subindo morros em trilhas irregulares e degraus; e leve água, filtro solar e bastão para caminhada. O nosso guia improvisou bastões com galhos de eucalipto da mata; ainda bem, pois não achamos para comprar em Lima.
Primeiro dia:
TIPÓN – apresenta um importante sistema de canais de água corrente vinda do alto do morro e de fontes sob o solo, ainda funcionantes. Os terraços em degraus eram irrigados e cultivados, e serviam de laboratório de pesquisa agrícola, pois a temperatura varia de acordo com o nível de cada terraço. Há degraus de pedra fixa na parede para evitar entrada de animais e economizar área útil.
PIKILLAQTA – é um complexo com vestígios de corredores, salas e santuários numa extensa área, provavelmente utilizada para festas e rituais religiosos. Sua construção é do estilo pré-inca, pois as pedras utilizadas eram irregulares e sem polimento.
ANDAHUAYLILLAS – vilarejo com a famosa capela de San Pedro, simplesinha por fora, mas rica em afrescos internos; alguns a chamam de Sistina da América. O guia nos mostrou as pedras entalhadas sob a cruz, provavelmente retiradas de algum templo inca.
Segundo dia:
PISAQ – é um dos sítios mais lindos (e aonde se anda mais), com terraços em forma de asas e uma paisagem linda vista do alto. Nas encostas dos morros há muitos buracos escavados que foram utilizados como sepulturas. O povoado é um centro de artesanato, mas muito dos produtos comercializados são de produção industrial.
TAMBOMACHAY – foi um lugar de descanso do chefe inca, com fontes de água, cascatas e jardins. Há uma estrada pavimentada para pedestre e um pequeno morro de onde se tem uma vista do local.
PUKA PUKARA – parece que foi construído para servir de base militar ou lugar de parada de viajantes, visto que havia salas de banho e quartos.
QUENQO – era um local sagrado para os incas. Provavelmente, fazia-se sacrifício de humanos e animais numa câmara subterrânea aberta na rocha; há altares cortados em linha reta e de superfície polida, e degraus.
SACSAYHUAMÁN – é uma das obras mais espetaculares dos incas, formada de gigantescos blocos de pedra perfeitamente encaixados entre si formando um extenso paredão de até 9 metros de altura. Sua finalidade parece ter sido de proteger contra ataques inimigos, ou um monumento de adoração ao deus Sol.
Terceiro dia:
No vilarejo de Chinchero vimos alguns dos milhares de tipos de batatas e algumas das dezenas de variedades de milhos existentes no Peru. Também vimos animais andinos, brincamos com as crianças e tivemos uma noção de produção, tintura e tecelagem da lã. Foi aí que conheci o cui, isto é, soube que o assado que comemos era o nosso porquinho da India.
MORAY – os terraços são dispostos em círculo, e a temperatura da superfície até a área mais baixa pode variar até 15°C. Atualmente, há muita plantação de trigo e cevada.
SALINERAS – são centenas de pequenos tanques poliédricos agrupados e abastecidos por uma fonte salina no alto do morro; ainda hoje esse sistema funciona, e o sal formado com a evaporação da água é recolhido gratuitamente pelo povo desde a época inca.
OLLANTAYTAMBO – foi um grande e bem desenvolvido centro militar construído na base de montanhas circunjacentes até as áreas mais elevadas; os incas derrotaram os espanhóis aí, antes de se entregarem. Há uma rica rede hídrica funcionante. É o único sítio ainda hoje habitado, e de onde parte o trem para Machu Picchu.
Machu Picchu é lindo? Sim, é e muito. Mas, o Vale Sagrado realmente me enriqueceu.
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COMENTÁRIOS:
Marcos Arata comentou 8 anos atrás
Que demais Rute!! Ótimo relato, parabéns!
RUTECN comentou 8 anos atrás
Obrigada, Marcos!