Florença em poucas palavras:
Florença não se destacou para mim por sua beleza. Não que ela seja uma cidade feia: de maneira alguma! As pontes que cortam o rio Arno, assim como o próprio rio que cruza a cidade, as avenidas, ruas, edifícios e palácios fazem dela uma verdadeira beldade. Florença tem uma beleza óbvia, mas não perfeita, que não cansa a vista e nem entedia a alma. Suas imperfeições talvez sejam sua maior qualidade.
O que mais me chamou a atenção nela esteve muito além de sua venustidade: a energia milenar traduzida em paredes descascadas, portas e janelas com quilos de poeira histórica, edifícios e monumentos impregnados de rachaduras, em muitas mãos de tinta, em tantas modificações ao longo de diversas eras.
Eu toquei aquelas paredes, levemente, passei meus dedos por ali, deixando também minha energia, minha marca sutil. Andei por aquelas vielas, atravessei pontes, suspirei, deixei meus pensamentos e sentimentos tingirem Florença como milhares, milhões de pessoas antes de mim fizeram e outras tantas continuam fazendo.
Florença tem certo ar de decadência que não vem da pobreza e nem do abandono, ao contrário, a cidade é muito bem tratada, muito bem cuidada. Esse esfacelamento vem do peso de sua história, de sua representatividade nos mundos antigos e no mundo moderno. O peso de quem sabe que produziu gênios: Michelangelo, Donatelo, Rafaelo, Da Vinci, Vasari, Dante... A lista é interminável!
A cidade é arte em si mesma. Cada pedra parece ter sido pensada, pesada, avaliada. É uma cidade intensa, provinciana, aberta, alegre, introvertida, moderna e antiga, velha e descolada: múltipla, pois todos os anos ela se renova, através de nós, turistas e de nosso olhar sobre ela. Deixamos na cidade um pouco de nós e levamos um pouco dela conosco: esse intercâmbio intenso, principalmente cultural, reinventa a todos nós.
Florença se mostrou muito mais interessante do que eu poderia imaginar: tem história, tem arte, tem arquitetura, tem gastronomia boa e despretensiosa, tem luzes mágicas. Florença não vive de passado, mas não abandonou este passado: hoje muitas épocas se confundem nesta cidade.
Florença é fácil de estar. Os italianos são receptivos, embora na maioria das vezes agitados, podendo ser confundidos com ásperos.
Passamos 12 dias na cidade e muita coisa ficou por ver. Acho que para virar Florença pelo avesso, só mesmo morando por lá. Ou talvez nem assim, tamanha quantidade de nuances e detalhes desta magnífica cidade que merece todos os superlativos a ela atribuídos.
Estar em Florença é estar em um turbilhão de conhecimento e informação a todo instante, é ser submetido constantemente à Síndrome de Stendhal. O ritmo em que mergulhamos na experiência de tentativa de compreensão dela é individual e particular, pertence a cada um de nós. As possibilidades são inúmeras e as escolhas são pessoais e intransferíveis.
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COMENTÁRIOS:
Gabriela de Carvalho comentou 8 anos atrás
q fotos lindas! deu vontade de ir!!!
Analuiza Carvalho (Espiando Pelo Mundo) comentou 8 anos atrás
Florença é um espetáculo de cidade, Gabriela e vale muito à pena passar alguns dias lá. :)