Eu não consegui parar de admirar a Pedra Azul, no Espírito Santo
Ela está lá, enorme, imóvel, longe, ainda inacessível. Pela BR-262, que liga Vitória a Belo Horizonte, é possível avistá-la em alguns trechos da estrada. Se já dá para ter uma ideia de sua dimensão, ainda é muito pouco perto do que vem pela frente.
Foto: Mateus Luiz de Souza
No ponto da pista em que se sai do asfalto e entra no paralelepípedo, o primeiro grande impacto. O paredão rochoso de 600 metros da Pedra Azul rompe o horizonte de maneira destemida. Juntas, a Pedra Azul, a Pedra das Flores e o Rabo do Lagarto formam uma ilha montanhosa de 1.900 metros de altura dentro do Parque Estadual da Pedra Azul, em Domingos Martins. É um dos principais cartões-postais do Espírito Santo.
A pedra muda de tonalidade cerca de 36 vezes ao dia. O efeito ótico é provocado pelos musgos presentes em várias partes de sua casca, aliado a outros fatores como ângulo de incidência do sol, a umidade do ar e a quantidade de nuvens.
O percurso de aproximadamente um quilômetro até a entrada principal do parque demora muito mais do que deveria. Não porque tem animais na estrada ou cascalhos impedindo a passagem. Mas sim porque uma pausa a cada trinta segundos é quase um instinto humano, como sinal do encantamento e contemplação perante a imponente Pedra Azul.
Foto: Mateus Luiz de Souza
Quando finalmente ele se convence a deixar o local e seguir viagem, logo na sequência vem um ângulo diferente da rocha. Mais alguns minutos de admiração e muitas outras fotos do smartphone. E esse ciclo sem fim se repete.
Tanto esforço pelo melhor ângulo é em vão. Nenhum supera o da entrada do parque. A Pedra Azul se mostra inteira. A imensidão cinza deixa turistas boquiabertos, em um estado ora hipnótico, ora contemplativo. Os detalhes que antes não podiam ser vistos com clareza, por causa da distância, agora vão surgindo um a um, conforme o olhar é direcionado para determinado ponto da rocha.
A riqueza de detalhes impressiona. Parece uma obra de arte da qual críticos analisam cada traço e todas influências possíveis. Aquele amigo intelectual diria que se trata de uma mistura do caos de Guernica com os traços perfeitos de Monalisa.
Foto: Mateus Luiz de Souza
A Pedra Azul não chega a ter 90ºC, mas possui um quê de chapada em seus ângulos quase retos. Três marcas paralelas, meio inclinadas, formam um desenho que lembra a garra do Wolverine. É a erosão do vento, claro, mas as mentes mais férteis podem imaginar um ataque de urso gigante em uma guerra do reino animal madrugada adentro.
A ação do vento também criou marcas permanentes por toda a fachada da Pedra Azul, e uma série de buracos alojados do lado direito dela não me deixa mentir. Formou-se uma espécie de toca permanente para os pássaros. Contei 30, mas é daquelas coisas que não existem um número certo, o que vale é a conta individual de cada um.
Foto: Mateus Luiz de Souza
O tamanho é tão grande que a gente perde a dimensão: caberia uma pessoa lá dentro? Sim, uma das tocas, em forma de coração, tem oito metros de altura e quatro metros de profundidade. Inclusive, um casal, nos anos 90, dormiu dentro do coração. Mais simbólico impossível.
A dupla aproveitou quando ainda era permitido escalar as pedras pela frente. Hoje em dia os esportes radicais só estão liberados na parte de trás da Pedra Azul.
Justo, a nossa foto do Instagram não merece cordas e pessoas estragando a harmonia da natureza ali presente.
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COMENTÁRIOS:
Rosimara Marinho comentou 8 anos atrás
Ah a Pedra Azul é de fato encantadora!
Cesar Pinheiro comentou 8 anos atrás
Ótimos restaurantes na Rota do Lagarto e ótimos hotéis no entorno do Parque! Eu gosto muito de Pedra Azul e de Venda Nova do Imigrante, não muito distante dali.
Rhode Tatiane Ramos comentou 8 anos atrás
puts... incrível!!! fiquei morrendo de vontade de conhecer. e, se Deus quiser, será logo.
Herica Lima comentou 6 anos atrás
olá pessoal!Vou a Vitoria em junho e gostaria de passar uns 2/3 dias em Pedra azul.Mas não vou de carro.Existe opções de restaurantes e lanchonetes por perto?