Dicas de quem acabou de voltar do Atacama
Acabei de voltar do Chile, mais especificamente de San Pedro de Atacama. Foi uma viagem fantástica com meu filho, mas também... Nossa! Gastei todos os reais, dólares e pesos que tinha, até o último centavo. Tudo por lá é caro, só que com os dias a gente vai descobrindo pequenas dicas que podem fazer muita diferença; por isso, resolvi escrever as minhas impressões sobre esses cinco dias que passei lá, boas e más.
Levei dólares para pagar os hotéis em Santiago e San Pedro e reais que troquei por pesos chilenos em Santiago: na Afex do aeroporto apenas para o táxi e jantar, na JM da rua Agustinas, e na Money Global (placa amarela) a poucos metros dali.
A transportadora Licancabur já nos esperava no aeroporto de Calama, e paguei 20.000 pesos por pessoa ida e volta. Ela nos deixou no hotel Takha Takha. Logo no check-in, acertei em dólares, e consegui 8% de desconto sobre o valor da reserva. Os quartos são amplos e limpos, com uma antessala, mas levava tempo para esquentar a água do chuveiro e logo esfriava; os turistas de outros hotéis relataram o mesmo problema, e depois descobri que bastava ir fechando a torneira e abrindo para conservar a temperatura.
Logo saímos para pesquisar os pacotes. San Pedro é pequenininho e as ruas estão cheias de agências, por isso não há problema em comparar os preços no local. Praticamente todas elas só aceitam pesos, ou convertem com valor inferior ao que podemos encontrar nas casas de câmbio (a melhor cotação foi na Gambarte, na rua Toconao, e em outra pertinho também com placa de madeira). Fechamos os passeios com o Grado 10 por ser em conta e bem indicado, e com a Vulcano para fazer o Salar de Tara que o Grado não faz. A Vulcano cobra menos da metade das outras agências, e isso nos preocupou, mas gostamos dela, principalmente por causa do ultra simpático guia Jefferson. Os passeios em si são basicamente iguais, e a diferença de preço varia pelo conforto que é oferecido. A Ayllu tem carro climatizado e as refeições são excelentes; parece que a FlaviaBia segue o mesmo padrão. O Grado 10 não oferece almoço, mas os lanches são fartos, quentes e saborosos, e a Vulcano é bem simplesinha e satisfez a todos do grupo.
Algumas observações dos passeios:
- o valor das entradas para as atrações não varia entre as agências, e são pagas em pesos; com carteira de estudante há descontos em algumas delas;
- nas áreas desérticas do Valle de la Luna e Salar de Tara não há toaletes, e os baños são atrás das pedras;
- os passeios podem ser feitos de tênis, mas devido às pedras e areia achei ótimo estar de botas de trekking;
- além da água, é bom levar uma fruta ou barra de cereais para beliscar, e papel higiênico;
- apesar do frio intenso de manhã e à tardezinha, foi bom termos ido em fim de inverno; não consigo me imaginar andando num calor escaldante e ainda coberta para proteger do sol;
- o passeio pelo Valle de la Luna requer certo preparo físico; não é fácil subir a Cordillera de la Sal por uma estradinha de areia, e nem sair da caverna de sal;
- a água da lagoa de Cejar é duas vezes mais salgada que a do mar Morto, e é muito fria; depois do banho, anda-se uns cem metros para se tirar o sal com água mais fria ainda;
- muitos passeios estão a mais de 4.000 m de altitude; tomei antes e durante as caminhadas goles de chá de coca que preparava no hotel;
- os passeios pela manhã geralmente saem de madrugada, e o hotel prepara um lanche com frutas, iogurte, sanduíches e barras de cereais quando solicitados na noite anterior;
- é muita poeira: poeira no deserto, poeira nas ruas de San José; por isso, quem tem rinite deve ir preparado.
Quanto à comida, há muitos restaurantes na cidade. O preço geralmente gira entre 5 a 9 mil pesos por pessoa. Fui a alguns deles, e todos trazem uma cestinha de pão e um molho picante antes do prato pedido. Os que experimentei foram:
- Las Delícias de Carmen – serve porções saborosas e generosas, do tipo 2 pratos para 3 pessoas ou até mesmo um para dois; em uma das vezes pedimos o combo de saladas, prato principal, sobremesa e uma taça de vinho (9.000).
- Bendito Desierto – depois de ouvir elogios dele, fomos lá experimentar o estofado de lhamo (11.300); não sei se porque fomos cedo demais, a carne parecia requentada em molho, mas o ceviche clássico de atum (8.500) estava divino. A lhama mais deliciosa era do espetinho em Machuca (2500 pesos).
- Barros – indicado pelo nosso guia, é bem popular, com música ao vivo, e há uma grande variedade de opções a 4.500 pesos. Comi uma bisteca a lo pobre (muitas batatas fritas, um bife enorme acebolado e dois ovos fritos) deliciosa; no outro dia comi uma chuleta de cerdo por apenas 3.500, muito bom.
- Sangucheria Mancha Panza – enormes e deliciosos sanduiches que devem ser experimentados, mas o preço é maior que um almoço no Barros.
- Ouvi comentários de uma barraca ao lado do campo de futebol e que é bom e barato, mas não chegamos a experimentar.
As pessoas dizem que em San Pedro as coisas são caras; tudo é questão de pesquisar, visto que as lojas e a feira de artesanato ficam abertas até tarde. Eu não quis comprar nada em Santiago para não carregar volumes e achei o preço das enormes toalhas de mesa bem em conta, assim como das garrafas de pisco. E, sabe, não tive coragem de pechinchar para aquela gente tão simples que me cativou.
Apesar da vida que levam, não se encontra pedintes chilenos e pode-se andar tranquilamente pelas ruas de San Pedro. Isto é, atenta apenas aos cocôs de cachorro – única sujeira frequente no chão da cidade.
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COMENTÁRIOS:
Dennis Carlotti comentou 8 anos atrás
Que ótimo relato, fico feliz que tenha dado tudo certo Rute e que tenha gostado =)
RUTECN comentou 8 anos atrás
Olha, Dennis, foi cansativo, mas valeu a pena! Todos os passeios são lindos. Um abraço.
Analuiza Carvalho (Espiando Pelo Mundo) comentou 8 anos atrás
OI Rute... estive em San Pedro muitos anos atrás e amei os dias que passei por lá. Pelo seu relato parece que não mudou muito. A vila estava cheia? Quando fui, não havia brasileiros, somente europeus. Lembro que isso me chamou a atenção porque me disseram à época que não era perfil dos brasucas o Deserto do Atacama, mas tenho visto cada vez mais isso mudar. Tenho as melhores recordações dessa viagem! beijos Ana
RUTECN comentou 8 anos atrás
Ana, aquilo parecia um pedaço nosso, e tinha passeios que só dava brasileiros. Segundo o guia, os europeus vão mais no fim do ano pra fugir do inverno deles. Bj
PH Loureiro comentou 8 anos atrás
Olá Rute! Tudo bem? Que aventura sensacional, obrigado por compartihar :)
RUTECN comentou 8 anos atrás
E foi mesmo, PH! Abraços
Miriam Munir comentou 8 anos atrás
Ameeeeei!!! :)
RUTECN comentou 8 anos atrás
Obrigada, Miriam. Que bom! Beijos
Paula Leite comentou 8 anos atrás
Que ótimo! Tb amei a cidade! Fui duas vezes lá e espero voltar mais uma vez, futuramente. Vc começou o texto dizendo que tudo era caro, não concordo. Achei que o valor cobrado pelos passeios era bem em conta. A comida sim é cara, mas vc consegue encontrar comida muito gostosa (!!) Pagando 4.900 (entrada, prato e sobremesa). A laguna cejar é quentinha em abril! Todo os restante são ótimas dicas para quem tá pensando em ir!
Rute Noguchi comentou 8 anos atrás
Paula, obrigada pelo seu comentário. Eu devia ter especificado que gastei quase metade do que levei em 3 dias em Santiago, principalmente nas estações de esqui. Se ficar 5 dias em Bonito, por exemplo, o gasto pode ser maior. Depende do quanto temos pra torrar, né. Bj.
Rayssa Mesquita comentou 7 anos atrás
Rute, amei suas dicas. Vou em agosto e com certeza vou usa-lás! Beijos Rayssa :*)
RUTECN comentou 7 anos atrás
Que bom, Rayssa! É uma boa época pra enfrentar o deserto. Beijos