Um dia resolvi partir. E desde então me tornei um viajante
É interessante observar a reação das pessoas que me questionam sobre viagens, principalmente sobre a minha “coragem” de viajar para qualquer lugar – sozinho ou acompanhado –, desbravando o mundo e retornando com uma bagagem pessoal muito maior que a material.
Lembro de uma viagem para Argentina quando criança. Eu questionava meus pais a todo instante: “já chegamos?”. Mal sabia que a estrada ainda era longa, mas traria muita diversão.
Muitos anos se passaram. O pai da minha então namorada tinha o grande sonho de viajar até Ushuaia - Terra do Fogo, passando pelo Uruguai, Argentina e Chile. Detalhe: de motorhome. Eu nunca tinha entrado em uma “casa sobre rodas”.
Recebi o convite para viajar com eles e realizar o sonho de uma vida. Um misto de emoções fluiu dentro da minha mente e então surgiram as dúvidas (bestas, no caso): “Partir ou não partir? Tirar de uma só vez trinta dias de férias?”. Lembro que até conversei com a minha chefa, uma amiga/mãe que tenho muito apreço, e ela me olhou e disse: “Vai! Uma oportunidade dessas não aparece todo dia! Os lugares são lindos e vai valer muito a pena”. Resultado: parti.
Parti para um mundo que até então era desconhecido ou inimaginável. Mesmo que eu tenha pesquisado muito, aquelas imagens e todos os relatos lidos me causavam curiosidade, mas não me davam ao certo a dimensão de toda aquela beleza que até hoje invade minha mente com lindas lembranças.
Parti para uma aventura com pessoas muito queridas e aprendi que o trabalho em equipe faz toda a diferença no nosso dia-a-dia. Enquanto um prepara a refeição o outro limpa a “casa”. Enquanto o motorista abastece o veículo, o outro verifica se tem água suficiente para todos os tipos de necessidade, e assim por diante.
Parti para longe da minha família pela primeira vez e percebi o quão importante ela é e isso me fez perceber que ter pessoas boas ao nosso redor faz acalmar o nosso coração na hora da saudade e que sem elas não somos ninguém.
Parti para conhecer vários lugares e observar que em todos eles eu era apenas mais um no meio da multidão. Mas o mais bacana de tudo foi perceber, em viagens posteriores, que essa sensação é gostosa demais simplesmente por me fazer sentir liberdade, paz... E isso é impagável. Costumo dizer que esse momento é parecido com aquele em que você conversa pela primeira vez em outra língua e se faz entender pelo ouvinte.
Eu continuei partindo. Parti para tão longe que deixei e venho deixando um pouco de mim em cada lugar que passo, retornando para casa cada vez um pouco mais experiente e um pouco mais desprendido. O bom é que joguei ao vento algumas amarras. Criei “asas nos pés” e abri minha mente para muitas situações. Percebi que pelos ares do mundo existem tantos pré conceitos e críticas infundadas que às vezes me sinto perdido e por isso exponho minha opinião, mas muitas vezes permaneço calado, pois sei que a conversa não vai chegar em lugar algum.
E assim parti pela primeira vez. Sem saber que as partidas seguintes, uma a uma, me fariam – e fazem – me encontrar cada vez mais. De certa forma parti para nunca mais voltar. Deixei para trás certos medos e inseguranças para me tornar uma pessoa que busca ser melhor a cada dia – e não O melhor.
Esta é a graça de viajar: poder visualizar que o mundo é muito maior que aquilo que nos cerca e que os nossos problemas podem ser bem menores se comparados a tantos outros espalhados por aí.
Um dia parti. E desde então sou mais feliz, principalmente porque venho compreendendo a minha própria existência.
Autor: Tiago Imperatori, brasileiro, gaúcho, Advogado, viajante e amante do mundo. “Wanderlust” o define. Siga: @imperatoriwanderlust E-mail: [email protected]
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COMENTÁRIOS:
Martha Sousa comentou 9 anos atrás
Muito legal, Tiago. Obrigado por compartilhar. Viajar realmente é tudo de bom. Uma experiência transformadora.
Tiago Imperatori comentou 9 anos atrás
Obrigado, Martha! Fico muito feliz por ter gostado do texto. Em breve virão mais! E vamos viajar! :) Abraços!
RUTECN comentou 8 anos atrás
Belo texto, Tiago! Quando partimos e deixamos pessoas queridas, é como se fôssemos presos a elas com um fio de elástico nos puxando de volta. E realmente, viajar sozinho nos dá oportunidades mil, do autoconhecimento à maior interação com o novo ambiente. Experiência única.
Tiago Imperatori comentou 8 anos atrás
Adorei seu comentário, Rute! Obrigado!
Caminha Gente comentou 8 anos atrás
Adorei seu texto. Me identifiquei muito com ele. Estamos para partir em outubro. Vou deixar meu emprego e experimentar uma nova vida que sempre quis. Sem muitas regras de horários a cumprir, contas a pagar e o consumo exagerado que nos consome a cada dia. Sua historia me fez ver e desejar ainda mais o que tenho a fazer. Viajar, conhecer e compartilhar coisas com pessoas que virão ao meu encontro que nunca as conheci. Não vejo a hora de poder cair na estrada e relatar as experiencias que viverei junto com meu marido. Sei que não sera maravilhoso o tempo todo, mais ja tenho minha mente aberta para todas as eventualidades. Parabéns pela sua historia e gostaria de compartilha-la. Meu e-mail [email protected] . Abraços e parabéns pela historia mais uma vez!
Tiago Imperatori comentou 8 anos atrás
Rute, ficom muito feliz pelo seu retorno e por ver que mais pessoas se interessam em viver de uma forma que tanto nos dá prazer e gosto pelo mundo. Sigamos ligados e fique à vontade para publicar o que quiser (mas quero ver a publicação, hein? hehe). Boas viagens a todos nós! Abraços!
Claudia Menez comentou 8 anos atrás
Parabéns por sua decisão é obrigada por compartilhar suas experiências!
Jeannie Klein comentou 8 anos atrás
Parabéns pelo belissimo texto! Gostaria de ter mais informações sobre a sua viagens de motorhome! Sonho um dia fazer uma viagem de motorhome!!!