O incrível Parque Nacional do Death Valley fica abaixo do nível do mar, tem seca constante e bate recorde em calor no verão, o que faz com que esta região seja uma terra de extremos. Isto faz com que o local proporcione um contraste impressionante entre montanhas, dunas e salinas. O ponto mais baixo do parque fica a cerca de 86 metros abaixo do nível do mar, sendo que ele está cercado de montanhas com aproximadamente 1.500 metros de altitude. Estas características tornam a visita ao local mais impressionante.

O Death Valley se estende por aproximadamente 225 km, ao longo da fronteira da Califórnia com Nevada, ficando a cerca 160 km a oeste de Las Vegas. O local recebeu esse nome pelos garimpeiros durante a Grande Corrida do Ouro da Califórnia, em 1849. Os mineradores relataram o sofrimento que passaram para atravessar a grande depressão do vale a caminho das minas de ouro. Durante a travessia, uma morte foi registrada e a região ficou conhecida pelas suas características extremas e de completo isolamento.

Planejando o roteiro

Quando planejei o meu roteiro, decidi que sairíamos cedo de Las Vegas para atravessar o parque e dormir em Mammoth Lakes, do outro lado das rochosas. A estrada passa, literalmente, no meio das montanhas, porém é sinalizada e muito bem conservada.

Após atravessar as montanhas, está-se diante do Vale da Morte e a entrada do parque é um quiosque ao lado direito da estrada. Embora não haja ninguém fiscalizando ou prestando informações, há uma máquina para pagar a entrada do parque, que só aceita cartão de crédito. Há, ainda, uma portinha de vidro, onde é possível pegar um mapa, e dois banheiros.

• Dante’s View

Logo após o quiosque, há uma estrada à esquerda, que é o início do caminho para Dante’s View. O caminho até lá tem 21km e o mirante está localizado a 1.650m de altitude, na parte oeste do parque. Dali, é possível ver as salinas de Badwater e as cadeias de montanhas que fazem parte do Death Valley. Quanto mais se aproxima do topo, a estrada fica cheia de curvas e é preciso ter bastante cuidado. Porém quando se chega ao topo a sensação é indescritível. É simplesmente lindo. De lá, também é possível enxergar o Zabriskie Point, que é a nossa próxima parada.

• Zabriskie Point

Saindo do Dante’s View, retorna-se pelos mesmos 21km e segue-se a placa que aponta a direção a Furnace Creek. No caminho, passa-se pelo mirante Zabriskie Point, que proporciona uma vista linda das Badlands, cordilheiras e ondulações formadas a partir da erosão.

• Furnace Creek

Poucos quilômetros depois, paramos no local chamado Furnace Creek, que possui um pequeno hotel, banheiros e um pequenos restaurante. Pagamos cerca de $15 por pessoa para comer em um buffet “all you can eat”. São poucos pratos, mas gostosos. Ainda há um buffet de saladas e refrigerante à vontade. Esta é uma das poucas opções do parque para comer, então, se for almoçar por lá, é bom chegar no horário do almoço para não correr o risco de encontrar o restaurante fechado. Ao lado do restaurante, encontramos uma loja com diversas opções de souvenirs. Encontramos, inclusive, um pirulito com um escorpião inteiro dentro. O funcionário explicou que eles cortam o ferrão do bicho, então dá pra comer sem medo. Eu não tive coragem…

No rancho, visitamos também o Borax Museum, que conta a história da exploração do Bórax na região e expõe pedras e ferramentas.

Dica: aproveite para ir no banheiro aqui, pois nos outros locais estavam tão sujos que não deu pra usar.

• Devil’s Golf Course

O “Curso de Golfe do Diabo” é uma grande planície de sal no Death Valley. Esta região recebeu este nome porque alguém afirmou, nos idos de 1934, que “somente o diabo poderia jogar golfe ali”, devido à textura áspera das formações de cristais de sal.

• Badwater Basin

Dali, seguimos em direção às salinas de Badwater, que é uma bacia no deserto do Death Valley. É o ponto mais baixo da América do Norte, ficando a cerca de 86m abaixo do nível do mar.

Atrás do estacionamento, é possível visualizar na montanha uma marcação que aponta o nível que está o mar. O clima por ali é muito mais quente do que no restante do parque e extremamente seco. Não conseguimos avançar muito pela salina por conta disso. Aliás, no dia em que estávamos lá, ventava muito e quase levantamos vôo…

• Artist’s Palette

O Artist’s Palette é uma estrada de mão única e os carros somente passam na direção de Badwater a Furnace Creek, retornando à estrada principal quando acaba. É chamada de “paleta de artista” porque as montanhas que a rodeiam são coloridas em razão dos minerais oriundos das antigas formações vulcânicas. A estrada é sinuosa. Em muitos trechos, passa, literalmente, no meio das encostas e o carro fica bem próximo das rochas. Em razão disso, não há acostamento e nem é possível parar o carro, porém o caminho é lindo e dá para tirar fotos bonitas de dentro do carro.

Saindo dali, já estávamos com o tempo apertado, então não paramos em Golden Canyon Trail, que ficava logo à frente, na estrada principal.

Seguindo a estrada principal, passamos novamente por Furnace Creek Ranch e, dirigindo por mais 30km, chegamos a uma outra bifurcação. Pegando o caminho à esquerda, seguimos para Mesquite Flat Sand Dunes, que são dunas de areia. Não pudemos parar ali porque ventava muito e nem conseguimos ver as dunas da estrada, mas somente uma nuvem de areia. Se o tempo estiver bom, acho que vale a pena a parada.

• Stovepipe Wells Village

Logo após as dunas, chegamos a este local que possui um posto de gasolina e uma loja de conveniência com produtos e lanches diversos.

A nossa ideia era, a partir dali, seguir até Bishop e, após, dirigir até Mammoth Lakes. Porém ventava tanto que, alguns quilômetros à frente, a estrada estava fechada, em decorrência de uma tempestade de areia.

Sem ninguém saber nos informar por quanto tempo a estrada iria permanecer fechada, a solução foi retornar a Stovepipe Wells Village, encher o tanque do carro e retornar à estrada 95, atravessando boa parte do deserto novamente. De lá, dirigimos bons quilômetros no meio do nada, sem sinal de celular, até conseguirmos pegar uma nova estrada secundária à esquerda e chegar à cidade de Oasis. Ali, dobramos à esquerda novamente, atravessamos uma nova cadeia de montanhas em direção a Big Pine e enxergamos, ao fundo, montanhas nevadas! Aquela paisagem deslumbrante nos acompanhou até Mammoth Lakes e, no final, deu tudo certo.

Informações importantes

Faça o download do mapa de toda a região no celular, abrangendo uma área bem maior do que a que vai se visitar, pois, em uma emergência como a nossa, é importante ter em mente novos trajetos e um plano B. Estávamos em uma região desértica, sem sinal de celular, pouquíssimos postos de combustíveis e nenhum ponto de apoio no caminho. Qualquer imprevisto e falta de planejamento poderia ter tornado a viagem um pesadelo. Neste caminho secundário, passamos por duas ou três cidades formadas somente por trailers, não vimos ninguém na rua e parecia que estávamos em um filme de velho oeste. Tenha sempre garrafas d’água no carro, lanches e uma boa dose de paciência e companheirismo para lidar com os imprevistos.

Vale a pena, pois é um lugar inesquecível!

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