Nosso primeiro perrengue
É hora da coxinha em um posto na beira da Dutra - com certeza, a primeira de muitas. Acabamos de começar a viagem de volta ao mundo. Serão três anos na estrada e dezenas de países e histórias na bagagem.
A gente só não imaginava que esse simples salgado traria logo o primeiro perrengue da expedição. Ainda não acostumados com o “Carona” - um Toyota Bandeirantes adaptado - nós simplesmente trancamos a chave dentro do veículo.
“Se já começou assim nos primeiros 50 km, imagina como vai ser nos outros 180 mil?”, pensamos. Olhamos um para a cara do outro e tivemos a dimensão da besteira que fizemos. Era hora de tentar encontrar uma solução.
Saímos perguntando para quem encontrávamos se tinham uma chave de fenda ou qualquer outra ferramenta que pudesse abrir o carro. Nada. Tentamos nós mesmos, não deu nem graça. Vários homens também deram a sua contribuição, mas a trava continuava intacta. A solução parecia ser chamar um chaveiro. Mas a brincadeira ia ficar cara.
Até que, nesses encontros que parecem de roteiro de filme, um grupo de romeiros que estava indo a pé de São Paulo até Aparecida do Norte, alguns deles já com os pés enfaixados, tamanho o desgaste da peregrinação, disse que conseguia destravar o carro.
E não é que, com uma faquinha dali, uma faquinha de lá, realmente conseguimos o que estava impossível até então. Parecia um milagre!
Agradecemos o pessoal, aprendemos a lição, e era hora de seguir viagem rumo a Ubatuba, dessa vez sem maiores percalços.
Quer dizer, isso era o que nós queríamos, mas não o que de fato aconteceu. Poucos quilômetros depois, na íngreme e tortuosa serra, que os mais antigos diriam que “dá até para ver a bunda do carro”, começou a sair fumaça do carro.
- “Para tudo, para tudo, encosta o carro. Caramba!”
Achamos que era fogo no motor, mas, para nossa sorte, o queimado vinha do freio e em pouco tempo já tinha parado e pudemos seguir viagem. A explicação para o que tinha acontecido veio com amigos.
Habituados com nossos carros com freio ABS, nós dirigimos o “Carona” como se fosse um deles. Mas não, o veículo exige uma atenção especial, principalmente em serras. O controle do freio tem que ser a todo instante, levando o veículo em marcha lenta e freando somente quando necessário.
Ok, duas lições aprendidas no mesmo dia. Ou melhor, duas lições aprendidas já no primeiro dia de viagem. Essa volta ao mundo promete.
- - - -
Se você curtiu esse texto, ficaria extremamente feliz se pudesse dar um nele aí embaixo ou compartilhar com seus amigos!
COMENTÁRIOS:
David Andrade comentou 9 anos atrás
Que história hemm Fred! Boa sorte nessa trip, vou estar acompanhando de perto! Abraços!
Kakau Fonseca comentou 9 anos atrás
Uma sugestão, vai marcando com vermelho no mapa o trajeto que estão percorrendo assim fica mais fácil para seguirmos. Que essa viagem seja perfeita. Beijos
Adriana Machado comentou 9 anos atrás
Desceram a serra pela Osvaldo Cruz? Repararam na quantidade de calotas perdidas pelo caminho? Muita gente fica sem freio nessa descida, a receita é essa mesmo. Adoro Ubatuba, tomara que consigam aproveitar muito, boa jornada!