No coração da Toscana, a ociosidade e a reflexão andam lado a lado
Uma casinha de pedras, sem muro nem portão, flores na janela e uma vista sensacional. Colinas, ciprestes, videiras, macieiras, figueiras; o canto dos pássaros e o cheiro gostoso de mato. A vida passando tranquila; pessoas que se conhecem pelo nome e se ajudam, pelo simples prazer de dividir experiências e emoções.
Tratava-se de Montefioralle. Uma cidade murada, de 100 habitantes, no alto de uma colina, pertinho de Greve e no coração do Chianti, região famosa por seu maravilhoso vinho.
Foi nesse cenário em Florença que vivi um sonho por um final de semana, no ano passado. Estava lá para estudar Italiano e foi por meio do meu querido professor que descobri esse vilarejo, que me causou uma estranha e inesperada emoção. Daquelas inexplicáveis que alguns lugares causam na gente!
Foi um breve passeio de uma tarde. De quebra, eu ainda tive uma aula maravilhosa de culinária com a Stefania, um doce de pessoa e proprietária do apartamento que eu tinha alugado.
Isso deixou a certeza de que, um dia, eu voltaria ali. Só não poderia imaginar que seria tão rápido! Esse ano tive o imenso prazer de voltar à Montefioralle.
E assim, um domingo, ouvi a campainha tocar; e, ao abrir a porta, lá estava minha anfitriã me convidando a uma caminhada. Caminhando entre as videiras, colhendo um figo ali e uma amora acolá, conversando sobre a vida e contemplando toda aquela beleza, deparei-me com uma casa simples no meio do nada. Mas, que, de simples, não tinha nada!
Era a ´Artist`s house`, em que os proprietários convidam artistas do mundo inteiro para ali estar e criar. E, mais uma surpresa! Havia uma exposição lindíssima de quadros confeccionados com minúsculos mosaicos, de uma beleza e delicadeza indescritíveis. E a artista, uma inglesa simpática e sorridente, estava ali nos recebendo e jogando conversa fora. Foi fantástico demais!
Um fim de semana que me proporcionou tudo que eu acho que uma viagem deve nos proporcionar. Você se abrir para o desconhecido, se encantar com o inesperado, enxergar coisas que passariam despercebidas na correria cotidiana, aguçar a sensibilidade e estar disponível para tudo de bom que a vida tem a oferecer. Proporcionou-me entrar em contato comigo, com Deus, com toda a beleza, perfeição e harmonia de um lugar simples, uma área rural, mas repleto de calor humano.
Para finalizar em grande estilo antes de voltar a Florença, era preciso oferecer um brinde à vida! Para isso, escolhi uma vinícola, a Azienda Agricola Altiero, cujo vinho havia descoberto no ano anterior! Uma pequena propriedade, de produção familiar, na qual se pode ver o cuidado e o amor empregados em cada etapa do processo de produção. Tive uma recepção calorosa pela Samuela, que me abriu as portas da sua casa e me apresentou à sua linda família. Uma degustação incrível com uma vista... Não poderia ter terminado melhor!
E por fim, o `dolce far niente`, expressão italiana que significa “agradável ociosidade”, se transformou em um convite à reflexão, à contemplação, à alegria de viver e, sem dúvida, um convite a sempre voltar.
Sou uma eterna apaixonada pela Itália e a Toscana tem um lugar especial no meu coração. Nossa relação é longa e, felizmente, tem se estreitado com o tempo. E eu, com absoluta certeza, voltarei. Só espero que seja logo.
- - - -
Se você curtiu esse texto, ficaria extremamente feliz se pudesse dar um nele aí embaixo ou compartilhar com seus amigos!
COMENTÁRIOS:
Analuiza Carvalho (Espiando Pelo Mundo) comentou 8 anos atrás
Sensacional! Foi de fato um fim de semana de sonhos na Toscana. :)