Segunda maior cidade da Argentina e capital universitária, Córdoba ainda é bastante desconhecida para muitos brasileiros e normalmente só entra no roteiro de mochileiros, que a usam como parada no meio do caminho entre Mendoza e Salta. Porém, nomeada Capital Americana da Cultura em 2006, a cidade e região têm muito a oferecer em termos turísticos, históricos e culturais.

No centro e núcleo histórico da cidade, bem em frente à Plaza San Martin, está localizada a Iglesia Catedral, uma majestosa catedral declarada Monumento Histórico Nacional, com um interior lindo e riquíssimo, com diversos afrescos do famoso pintor argentino Emilio Caraffa. Sua arquitetura é bastante interessante, pois devido a desmoronamentos em sua construção em diferentes ocasiões, diversos arquitetos foram contratados ao longo dos séculos XVII e XVIII, o que resultou em um grande ecletismo de estilos, mesclando desde origens renascentistas com características barrocas espanholas a influências neoclássicas italianas. Ao seu lado encontra-se o Cabildo Histórico, hoje sede da Secretaria de Cultura da Cidade de Córdoba, sendo também centro de informações turísticas e onde funciona o Museo de la Ciudad.

Também no centro histórico, bem próxima à Iglesia Catedral, está localizada o que talvez seja a maior atração da cidade: a Manzana Jesuítica. Declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 2000, o “complexo” é composto pela Iglesia de la Compañía de Jesús e sua Capilla Doméstica, o Colegio Nacional de Monserrat e a antiga sede da Universidade Nacional de Córdoba. A visitação à Igreja é permitida em alguns horários específicos e fora de horário de missa. O Colégio possui visitas guiadas em espanhol e inglês e no prédio da Universidade somente é permitida a visitação do claustro, de sua sala de teses e da biblioteca.

Um pouco mais adiante, cruzando o canal (la Cañada), encontra-se a Plaza Italia, a Prefeitura e o Paseo Sobremonte, integrado com o Palacio de Justicia. O Paseo Sobremonte surgiu da necessidade de regular a distribuição de água para irrigação e também como área de lazer dos cordobeses. O local rende ótimas fotos e pode funcionar como um ponto de descanso antes de seguir conhecendo o restante da cidade.

Logo em seguida ao centro, no bairro de Nueva Córdoba, está um dos maiores pontos de encontro dos cordobeses à noite e aos fins de semana: o Paseo del Buen Pastor. O local, hoje convertido em um complexo cultural, recreativo e comercial, funcionou por mais de cem anos como cárcere e centro correcional de mulheres, primeiro por parte da congregação religiosa francesa da ordem da “Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor”, e mais tarde, durante a ditadura argentina, serviu como prisão para presas políticas. A capela foi mantida e encontra-se no meio do complexo, porém os pavilhões do cárcere foram retirados devido ao seu mau estado de conservação.  Hoje o local possui restaurantes, bares, lojas, uma galeria onde ocorrem eventos e exposições, e uma fonte de águas “dançantes” que à noite fica toda iluminada, havendo, inclusive, horários para as “apresentações”. Do outro lado da rua encontra-se a Iglesia de los Capuchinos, de arquitetura neogótica e considerada a primeira Maravilha Artificial de Córdoba. A cidade foi o principal centro religioso argentino, portanto possui muitas igrejas, mas essa, para mim, é a mais linda e única de todas. É necessário, porém, verificar horários de abertura ao público, pois muitas vezes que passei por lá estava fechada.

Seguindo pela Av. Hipólito Yrigoyen, chega-se ao Museo Superior de Bellas Artes Evita, ou apenas Museo Palacio Ferreyra, já que existem dois museus de belas artes na cidade. O prédio é em estilo neoclássico francês e o museu é simplesmente incrível, tem ótimas exposições e toda sua propriedade é linda. Aliás, toda essa região de Nueva Córdoba é lindíssima, perfeita para passar uma tarde inteira passeando (recomendo dar uma caminhada pela Bv. Chacabuco também). Um pouco mais a frente está a Plaza España, onde estão localizados o Museo Provincial de Bellas Artes Emilio Caraffa e o Museo Provincial Palacio Dionisi. Infelizmente quando fui ao Emilio Caraffa ele estava fechado, então não pude vê-lo por dentro nem suas exposições, mas dizem ser um dos melhores museus, se não o melhor, de Córdoba. Por isso recomendo muita atenção se forem à cidade no verão, pois os horários comerciais (não só de museus, mas também de lojas, restaurantes, etc.) são diferentes, normalmente fecham às 12:00 e só reabrem no fim do dia (por causa da famosa siesta). Às quartas-feiras os museus tem entrada gratuita.

Por último, seguido dos museus está o Parque Sarmiento, ótimo para caminhadas, com um lago, e nele tem também uma piscina pública e o zoológico. Como me recuso a entrar em zoológicos em qualquer lugar do mundo, assim como não vou a parques aquáticos e piscinas públicas, não sei dizer se valem a visita, mas a entrada para a piscina, se não me engano custa 30 pesos e pode ser uma bela opção nos dias de verão (lá faz muito, mas muito calor mesmo). Sugiro caminhar até o mirador que existe no parque, da onde é possível ter uma bela vista da cidade, com seu verde e também da chamada Vuelta al Mundo, uma roda gigante desativada.

Existem ainda outros atrativos como diversas igrejas, o Centro Cívico e a Cidade Universitária para quem for ficar mais tempo pela cidade. Nos fins de semana, no Paseo de las Artes ocorre uma feira de artesanato, antiguidades, comida, mais ou menos nos moldes da de San Telmo, só que menor e com menos gente.

Já para sair à noite, o bairro da moda é Güemes, cheio de barzinhos super charmosos, galerias que contam com lojas, restaurantes e bares, é lá onde está concentrada a vida noturna da cidade. Klix é um barzinho bem charmoso ao ar livre com ótimos preços; o Favela para Habitar conta com música ao vivo e um público mais familiar; o Dadá Mini também é ao ar livre e tem uma decoração única que já ganhou prêmio; o The Journey atrai bastantes jovens, com sua música eletrônica ou longe, dependendo do dia, e um rooftop ótimo para curtir as noites de verão. Além desses, amo o Bicicletas Bar, que fica no rooftop do Hostel Rivera, a comida é ótima, assim como a cerveja e os drinks, com uma arquitetura bem fofa.

Quanto à melhor região para se hospedar, muita gente acaba optando pelo centro, mas eu não recomendo, à noite o comércio fecha e fica meio deserto. O melhor bairro, sem a menor sombra de dúvidas, é Nueva Córdoba, é um bairro lindo, do lado do centro, da cidade universitária, e colado no Güemes, sempre fiquei hospedada na região e nunca precisei usar ônibus ou taxi para qualquer coisa que não fosse o aeroporto.

Esses seriam os principais pontos sobre a cidade, mas Córdoba tem muito mais a oferecer na região, portanto em um próximo post escreverei sobre os destinos próximos, que podem ser visitados tanto em um bate-volta ou com mais tempo.

- - - -

Se você curtiu esse texto, ficaria extremamente feliz se pudesse dar um nele aí embaixo ou compartilhar com seus amigos!