Era dia 30 de outubro quando voltei de uma viagem para Recife e descobri que fui traído. Um bom começo de relato, não é?! Direto e reto, como o descobrimento da traição. Eu tinha viajado durante 5 dias a trabalho. E nesses 5 dias acho que o Universo resolveu me testar. Conheci mulheres lindas em Recife e recebi tantas cantadas, indiretas e diretas que me senti galã de filme de cinema. Rolou até puxão de cabelo, mas me mative fiel, diferentemente da minha ex-namorada que foi em uma balada gay em SP e foi pega por uma colega de trabalho beijando um cara.

Recebi a notícia e fui obrigado a entrar em uma reunião praticamente em seguida. Literalmente 10 minutos depois. Apesar de voltar de Recife me sentindo galã de cinema, eu não sou nenhum ator. Então não mascarei muito bem meus sentimentos, o que me rendeu uma bela comida de rabo. Quando fui liberado, resolvi tirar a história a limpo. O que se seguiu foi negação, negação, outra negação, uma pisada em falso, mais uma tropeçada e, enfim, a esperada confissão.

Meu sangue italiano falou por mim. E não disse nenhuma poesia. Terminada a ligação, redes sociais bloqueadas e contatos apagados, eu olhei pela sacada do prédio onde trabalho. Não, eu não pensei em me matar. Eu simplesmente percebi que estava livre de um relacionamento que me sufocava há algum tempo. E percebi que a vida de solteiro estava ali de portas abertas para mim. Não perdi tempo, mandei mensagem no meu grupo de amigos do colégio e perguntei se caberia mais um na viagem de ano novo. A resposta, para minha alegria, foi que dava para me encaixar. Eu tinha acabado meu namoro, mas não estava nenhum pouco triste. Afinal, eu passaria o final de ano com meus melhores amigos em Balneário Camboriú!

Antes de viajarmos eu mandei mensagem no grupo dizendo que não sairia todas as noites, por conta de querer aproveitar o dia na praia e economizar dinheiro. Esse foi o plano inicial até chegar lá. O que aconteceu na prática foi bem diferente.

Chegamos dia 25/12, depois do almoço de Natal. Nos organizamos na casa alugada pelo AirBnB na Praia Brava, do ladinho de Balneário. Esse foi o único dia que eu realmente não saí. Dali para frente o groove foi total. Dia 26/12 fomos na Warung, dia 27/12 fomos na Shed, dia 28/12 na Green Valley, dia 29/12 no Villa Mix Festival, dia 30/12 fizemos churrasco em casa com a galera que conhecemos por lá e dia 31/12 foi a festa da virada.

É muito difícil escrever sobre essa viagem porque tem várias partes dela que eu simplesmente não lembro. O que, honestamente, não é uma coisa ruim. Em um estilo de "Se Beber Não Case" da minha própria vida, eu acordava todas as manhãs, encontrava diversas fotos e vídeos no meu celular, novos contatos/contatinhos e ouvia os relatos dos meus amigos que complementavam alguns flashes na minha memória.

Parte do plano inicial também era não usar drogas. Essa parte durou 5 minutos, logo depois de entrar na Warung, conhecida como "O Templo". A galera de óculos escuros estava fritando em uma estrutura que lembrava um templo oriental de madeira enquanto o som entrou na minha cabeça. Esse conjunto de fatores criaram uma entidade que apertou um botãozinho escrito "foda-se" na minha cabeça. Posso dizer que foi uma das melhores baladas que já fui na minha vida (e olha que eu morei em Ibiza).

A noite seguinte, na Shed, foi totalmente diferente. Um amigo extremamente fã de sertanejo disse que era obrigatório irmos lá. Achei a balada uma merda. Quente e apertada, praticamente não dava para tirar nenhuma menina para dançar. Estar totalmente bêbado não me ajudou muito nesse quesito também. Muito menos quando vi uma menina bem baixinha e tive a brilhante ideia de suspendê-la no ar dizendo "Simba, tudo o que você vê será seu reino". Não foi um dos meus melhores momentos, admito. Felizmente serviu para um dos meus amigos se desculpar em meu nome e pegar o contato da Simba e suas amigas. Na noite seguinte elas iriam para nossa casa, mas eu não estaria lá. Eu iria na melhor balada do mundo, eleita pela DJ Mag: a Green Valley.

Desde quando morei em Ibiza, morria de vontade de ir na Green Valley. Mas como já tinha ido na Warung e queria economizar grana, achei que teria que realizar esse desejo em outra viagem. O Universo, entretando, resolveu me presentear da melhor forma possível. Acabei indo com um amigo na casa de uma menina que conhecemos em uma das noites. Uma loirinha de olhos verdes que parecia uma elfa (sou nerd, me julgue). E, para melhorar, uma elfa com barriga tanquinho e bronzeado que me deixaram de queixo caído. Resultado: acabamos ficando e ela me arranjou um ingresso para a Green Valley quase de graça!

Se você for para Balneário, aqui vai a dica mais valiosa que posso te dar: não deixe de ir na Green Valley! É realmente a melhor balada do mundo. Um vale verde, cheio de pistas eletrônicas, efeitos de luz e gente bonita. É incrível. Todo aquela natureza deixa qualquer outra balada do mundo no chinelo. Não é um lugar de pegação. É um lugar para dançar, pular, fritar e curtir. É realmente para quem ama música eletrônica. E por isso é tão legal.

Agora vamos voltar ao sertanejo indo diretamente para o Villa Mix Festival. Teria sido uma bosta, se não fosse por um detalhe. Aliás, não detalhe, uma pessoa. Caiu o mundo durante o festival, o que me fez ligar o foda-se para a maioria dos shows e ficar apenas no Baile da Favorita que era a única área coberta. Lá, em algum momento, conheci uma gaúcha, que, ao que me contaram depois, até ajoelhei e pedi em casamento no meio do meu xaveco. Seria com essa gaúcha que eu faria amor na Praia do Buraco vendo o sol nascer no dia 01 de janeiro.

Se a dica mais valiosa que eu posso te dar sobre Balneário é ir para a Green Valley, a segunda mais valiosa é a seguinte: não transe na Praia do Buraco. Eram 7h30 da manhã quando saímos da festa de ano novo. Estávamos em quatro (se organizar direitinho todo mundo...), eu, a gaúcha, um amigo e a prima da gaúcha. O resto da minha galera já tinha voltado para casa. Eu sabia que três estavam acompanhados. Os outros cinco eu não tinha noção, mas de uma maneira ou de outra seria impossível ter a privacidade desejada por ali. Sendo assim, resolvi fazer algo diferente e levar nosso grupo por uma passarela de madeira, no final da praia de Balneário, que dava acesso à Praia do Buraco. O que eu não contava é que às 8h da manhã teria gente pra caralho andando pela praia, muitos mosquitos e nenhuma área realmente escondidinha. Esses fatores quase me fizeram brochar. QUASE, mas não brochei. Posso escrever com um sorriso no rosto que meu 2018 começou chegando ao êxtase junto com uma menina maravilhosa em cima de mim, enquanto nós víamos o sol subindo no horizonte e escutavamos o barulho das ondas (a parte de algumas pessoas passando e dando "feliz ano novo" enquanto realizamos o ato eu deixo entre parentêses).

Eu tomei um banho de mar e me vesti em cima da "casinha" dos salva-vidas. Andei com a gaúcha até a casa onde ela estava hospedada e comprei toddynho para a gente tomar de café da manhã enquanto eu esperava meu Ubber. Esse foi o melhor começo de ano da minha vida. E tudo começou descobrindo uma traição na volta de de uma viagem. Acho que isso reflete o maior ensinamento que um viajante pode aprender. A gente nunca sabe para onde a Estrada vai nos levar, mas vale a pena confiar nela.

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