A grande Dona Miúda


  Tocantins, Brasil, Palmas  3041 visualizações

Conheci a vida de Dona Miúda no Jalapão, uma região pouco explorada ao leste do estado do Tocantins viajando pelo Sola no Mundo. Encontrei por lá cachoeiras exuberantes, fervedouros e muita história. 

O cenário desta história é o Quilombo Mumbuca, que fica entre o município de Mateiros e São Félix do Tocantins. Cheguei lá tentando imaginar como seria este lugar dos livros da escola, hoje. Da janela do carro, que me mostrou por horas a mesma paisagem, percebi que eu nada sabia sobre a cultura africana além da “abolida” escravidão.

Onde foi que eu pulei a parte dos saberes, da religião, de seus costumes, suas lutas e as diferenças entre os povos que chegaram aqui? As páginas que explicavam como os escravos eram mantidos em cativeiro é que caiam nas provas.

Assim que cheguei no quilombo vi crianças brincando, árvores lindas, cachorros, galinhas e começei a aprender.  No restaurante da Antônia, esperamos, em redes deliciosas, o almoço que foi preparado na hora. Um banquete com macaxeira, abóbora e feijão. Depois da última garfada, Tonha, que é a neta da Dona Miúda, contou sobre as construções da Mumbuca.  As paredes normalmente são de barro e o teto de palha de Buriti, a comunidade toda se ajuda e o resultado é um ambiente surpreendentemente fresco.

Sua bisavó foi uma grande mulher. A primeira do mundo a fazer aquele artesanato com o Capim Dourado que conhecemos hoje. O Capim sempre esteve na região, assim como a corda de Buriti. Mas foi Dona Miúda que teve a Grande visão de unir os dois tecendo cestas, brincos e mandalas. Hoje, a comunidade possui uma associação de artesãs que sustentam o Quilombo. A observação certeira de Tonha foi a respeito do material que é vendido mundo a fora, utilizando a criação da sua bisavó sem reverter um real para a região.

A Mumbuca era terra indígena, até seus antepassados, ex-escravos no nordeste, se encantarem com a abundância das águas e se estabelecerem alí. Palco de disputas e matanças. Não encontrei indígenas no Jalapão, nem nos traços, nem nos cabelos. nada. Esse conto é um recorte da história do nosso gigante país. Índios massacrados e ex-escravos sem ter morada.

Durante a tarde que seguia, sentei em uma mureta e a Rafaela veio brincar comigo. Enquanto trançava meu cabelo foi recitando sua parte do teatro de final de ano da escola. Ele retrataria a história da grande Dona Miúda, e acontece todos os anos. Deixei um pézinho lá, vou voltar. Faltou colher o capim dourado e assistir, pelas crianças, esse lindo trabalho da professora deles, de ensinar o que eu não vi na escola.

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